
Líquida porque não há um background consistente em torno da cinefilia ou produção de audiovisual. O famoso sociólogo Zygmunt Bauman já nos avisa em sua Modernidade Líquida sobre o reinado das relações solúveis e inconsistentes dos últimos anos. Uma transição de películas sem açúcar, com gosto travoso de triviliadade é o que nos oferecem.
Mas claro que continuam acontecendo boas temporadas de cinema em muitas praças. Apenas não consigui assistir a um filme sequer em nossa Capital e nem muito menos em nossas salas de exibição caririanas. Pobreza de programação é alcunha educada . No bom "cearês", é de lascar!
A única ressalva fora brilhar os olhos com uma mostra sobre o diretor Kristof Kieslowsky. Em pleno verão portueño, lá no Centro Cultural Borges, na bela Galerias Pacífico, uma riqueza de programação para sorte de um turista desanimado. Nada menos que o decálogo completo do diretor polonês. Até então, só havia assistido a Não Amarás e Não Matarás. Os únicos títulos que ele adaptou ao cinema, sendo todos os dez filmes originais realizados para a TV polonesa nas últimas décadas do milênio passado.
Kieslowsky soube nos deixar um grande aprendizado em seu cinema. Como ele mesmo assinalava, "a liberdade é um conceito contraditório com a natureza humana". Até mesmo gostaria de ver sua arte na interpretação do Amor Líquido discutido por Bauman.
Mas, acabo de ler os jornais, a agenda cultural. Lamentavelmente, está difícil ir ao cinema hoje. Parece que os blockbusters aumentam nas vésperas do insubstancial Oscar!